Homofobia #1

8.7.16


O post de hoje é um pouco diferente e um tanto quanto incrível e tocante. Convidei um amigo para falar sobre a cultura homofóbica que atormenta a humanidade. Lhe dei carta branca para escrever e o texto acabou sendo longo, mas de extrema qualidade. Com isso resolve dividi-lo em três partes para que não fosse perdido nenhuma palavra. Aproveitem...

Por:Yureta (Yuri Sant’Anna da Silva)

Imagine um mundo onde algumas pessoas, baseadas em seus costumes, que não necessariamente representam os costumes da maioria, mas dos mais influentes, formam um poder estrutural que difunde seus estilos de vida como sendo a única possibilidade de viver dignamente nesse ambiente construído para eles, desde coisas simples como o apreço por determinados acessórios, até hábitos mais profundos como, por exemplo, a maneira ideal de se (com)portar, pensar, falar... como se relacionar. A quem amar. E criam diversas teorias fajutas com base nas ciências e nas religiões para perpetuarem esses valores através da autoridade, todavia, quase sempre de maneira tão sutil que os afetados sequer percebem que não estão sendo eles mesmos ou que estão pensando os pensamentos de outrem. É a famosa máquina de alienação que fabrica subjetividades.

 Agora imagine você, que nunca pediu nada disso e nunca foi consultado sobre, se vê forçado a seguir esse caminho e ensinado que não há modo de escapar dele, seja porque o divino assim deseja, seja porque é moralmente/socialmente/biologicamente inadequado e a pena para os transgressores pode ser a morte ou o inferno, ou ambos. Mas você não morre, você é duro, José, e com muita luta desperta, contraria e resiste a esses interesses em prol da sua verdadeira identidade, aceitando pagar o inevitável e imediato preço da rebeldia; a exclusão social. Como lidar com o resto do mundo que lhe classificará como a pior das criaturas simplesmente por você não seguir o padrão que eles acham que é o ideal para você, padrões estes frutos da mera imaginação deles? Por mais ilustre que você seja, por mais inteligente, bondoso, educado, competente, fiel, devoto, tudo isso se verá esfarelado diante da sua nova marca de transgressão. Serás o próprio diabo, o opositor, ou, em uma visão mais otimista, um de seus abomináveis instrumentos.

Exposto desse modo a situação até parece revoltante, mas ela passa despercebida a cada segundo da vida de quem nunca notou esse absurdo por se sentir perfeitamente contemplado pela norma estabelecida, seja ela qual for. Não percebe porque não precisa perceber. É uma realidade distante. Mas, meu caro, lhe asseguro que já passou do momento de notar, pois quem observa uma injustiça e nada faz para barra-la, torna-se também injusto.

Continua...

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